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Onde São Paulo passa e a elite descansa

Por Brandon Vicente, Guilherme Guimarães, Thiago Trolize e Rodolfo Robles

O distrito de Pinheiros é marcado pela passagem. Composto pelo bairro que lhe dá o nome, pela Vila Madalena, pelas avenidas Faria Lima e Brigadeiro Luiz Antônio, é uma região que recebe um número enorme de pessoas, além de ser o lugar onde a boemia se mistura com grandes prédios empresariais e centros de efervescente comércio.

A região de Pinheiros atua como destino e como ponte. Com grandes centros de comércio, inúmeras opções de lazer: bares, restaurantes, museus, centros culturais e ainda algumas escolas e universidades, o distrito acaba sendo muito procurado. Se localizando no coração da capital paulista, próximo às regiões centrais (oito quilômetros distante do marco zero e quatro da Avenida Paulista), assim como das zonas sul e oeste, ele é apenas visitado temporariamente, interligando pontos da metrópole mais agitada do Brasil.   

Outro fator que se destaca na região com o segundo maior IDH de São Paulo (0,960, atrás apenas de Moema) e que possibilita todo o fluxo diário de pessoas é a pluralidade e conexão entre os mais diversos tipos de transporte: linhas e terminais de ônibus e linhas de metrô e trem dividem espaço com grandes espaços reservados para a circulação de veículos particulares.

O maior expoente desta complexa gama de transportes é a exuberante estação de Pinheiros do Metrô. Integrante da linha 4 amarela, o grande complexo viário recebe mais de 130 mil pessoas todos os dias, conta com seis andares, cinco lances de escadas rolantes, se localiza ao lado da marginal Pinheiros e ainda com um grande terminal de ônibus com linhas que vão a São Paulo inteira. A estação ainda faz a transição do metrô com a linha 9 da CPTM, que liga Osasco ao Grajaú.

Fim de tarde no Largo da Batata (FOTO: Brandon Vicente)

Mais moderna e recente linha de São Paulo a 4 amarela sai da estação da Luz, passa, em sua maioria, pelo distrito de Pinheiros nas estações Fradique Coutinho, Faria Lima e Pinheiros, depois de ter deixado passageiros na República e na região da Paulista, para, enfim, chegar ao Butantã – e vice-versa. Apesar de ainda aguardar a conclusão das obras das estações Higienópolis-Mackenzie e Oscar Freire, dividiu opiniões, agradando pela modernidade, mas tendo grandes problemas desde acidentes nas obras até grande demora no prazo de entrega.

O governo de São Paulo em parceria com uma iniciativa privada deu início às construções da linha quatro, amarela, do metrô no dia 2 de setembro de 2004. O projeto de construção desta linha existe, teoricamente, desde 1940, passando, ao longo do tempo, por diversas modificações. O projeto que levou à atual composição da Linha Amarela foi lançado em 1995, ao longo da gestão de Mario Covas. A primeira fase das obras teria previsão de entrega para o ano de 2006, porém com problemas na licitação, essa data teve de ser adiada, ficando prevista para o ano seguinte.

A estação de Pinheiros da Linha Amarela do metrô consta no projeto desde os anos de 1970. O início das obras da estação foi em setembro de 2004, juntamente com todas as outras estações designadas para serem entregues ao final da primeira fase de obras. O prazo de finalização das obras foi adiado inúmeras vezes devido diversos problemas, porém a (última) data de entrega estava prevista para até o meio do ano de 2011 e foi atingida com sucesso, sendo inaugurada no dia dezesseis de maio deste ano. A organização previa um fluxo de cerca de cem mil passageiros por dia, mas, atualmente, esse número é de 130 mil.

Apesar do bom funcionamento nos dias de hoje e do cumprimento do prazo de entrega, a estação Pinheiro conheceu o acidente mais grave da história do metrô de São Paulo. No dia doze de janeiro de 2007 uma grande parte do túnel de acesso da estação desmoronou, abrindo uma cratera de oitenta metros de diâmetro na superfície. O acidente acabou “engolindo” casas, automóveis e pessoas. As buscas pelos soterrados começaram imediatamente depois do acidente e ao final de treze dias, os bombeiros encontraram as sete vítimas fatais.

Cratera formada no grava acidente da Estação Pinheiros (FOTO: Reprodução/Internet)

No início da obra, sua entrega estava prevista para o final de 2008, mas com o acidente a mesma ficou paralisada até maio deste ano, fazendo com que sua nova previsão fosse adiada para 2011. A abertura da cratera ficou marcada por uma mudança muito impactante na vida do paulistano que utilizava o transporte público na região. A estação Pinheiros já abrigava a Linha 9 da CPTM e sua mobilidade ficou restrita em algumas áreas subterrâneas, aumentando ainda mais a sua lotação.

Um funcionário da CPTM que não quis se identificar não quis responder às perguntas, com medo, principalmente, das consequências, mas deu a entender que, por parte das pessoas que trabalham na estação, a inauguração da linha amarela causou certos transtornos que não ocorriam quando pinheiros abrigava somente a linha de trem. Após ser questionado sobre o que havia mudado depois da abertura e se fora uma boa construção, ele prefere deixar de lado: “Para a população, com certeza... Mas para nós... Melhor nem comentar (risos)”.

Além disso, a estação de Pinheiros ajudou muito às pessoas que curtem a noite paulistana. Isso porque nessa região, por onde passam as linhas de metrô, trem e o terminal de ônibus, há sempre muitas baladas e festas, principalmente na Vila Madalena.

Bruno Carvalho, estudante de direito, elogiou a organização das linhas do metrô e as informações simples:

“Apesar de ser uma estação bem agitada e com bastante movimentação, Pinheiros consegue sempre ser bem organizado, com segurança, funcionários que te auxiliam a pegar a estação certa, ir pro lugar certo, não tem o risco de se perder. Eu comecei a andar de metrô faz pouco tempo e eles me ajudaram muito. Mesmo com esse acúmulo de pessoas, que tem em todas as estações de São Paulo, tudo é bem organizado”.

Bruno falou também das festas na região. Ele afirmou que o metrô próximo ajuda muito na locomoção, tanto na ida quanto na volta, pois costuma deixar as baladas já no começo da manhã, quando o metrô já está aberto.

“O metrô é muito perto da Vila Madalena, que é um lugar que eu frequento bastante e isso me ajuda muito, porque eu saio da minha faculdade, já estou pertinho ali do metrô e ele já me deixa na ‘boca’ dos barzinhos, coração de São Paulo, onde você encontra gente de todo tipo”.

TUDO É FESTA NO DISTRITO DA COPA

A Vila Madalena é um dos locais nobres da noite paulistana. É um bairro onde ocorrem várias festas e existem inúmeros bares. Na época da Copa do Mundo de 2014, o local foi um dos mais frequentados pelos paulistanos, que assistiam aos jogos em algum telão na rua ou em um bar e depois iam para a festa.

Sayuri, de 18 anos, afirmou passar pela estação de Pinheiros todo final de semana. O destino dela é o mesmo dos que querem curtir a noite em São Paulo.

“Passo por aqui todo final de semana. Não conhecia aqui antes da construção da estação, mas agora eu acho muito boa. Pego o metrô aqui para ir para a balada, todo final de semana tem uma diferente”.

A região da Vila Madalena, em sua maioria, não é residencial. Entretanto, toda regra há sua exceção. Ana Carolina, que já mora no bairro há oito anos, ainda não se acostumou com o clima festeiro da Vila.

“Ainda não me acostumei não. Quando as festas são em algum lugar fechado tudo bem, não incomoda tanto, mas as festas a céu aberto não dá pra aguentar, já chamei a polícia algumas vezes”.

Ana continuou: “além disso, o pós festa realmente incomoda bastante. Você passa na rua e tem garrafas jogadas na rua, papel, embalagens. Fora que o pessoal é bem mal educado e acha que a rua é banheiro né”.

Mas, para eles, tá tudo bem. Mesmo com toda a festa, eles gostam de fazer parte do distrito mais boêmio da cidade que nunca para. Afinal, se até a cidade não para, porque eles iriam querer sossego?

REPORTAGEM RÁDIOJORNALÍSTICA SOBRE A ESTAÇÃO PINHEIROS

GRUPO FOCAL SOBRE AS RELAÇÕES DAS PESSOAS COM PINHEIROS

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